quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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Costureiras digitais

Escrito por outrastrilhas em Agosto 19, 2008

Elas costuram, comandam uma cooperativa e, agora…blogam! Um grupo de costureiras de Caraúbas do Piauí acaba de lançar um blog para divulgar seu trabalho no mundo online.

A idéia surgiu depois que elas participaram de uma oficina de inclusão digital promovida pelo Movimento Solidário, iniciativa criada pelo Comitê de Responsabilidade Social da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). A oficina foi essencial para que as costureiras, que nunca haviam visto antes um computador, pudessem utilizar as tecnologias a seu favor.

Sandra Flosi, presidente do comitê de Responsabilidade Social da Fenae, conta como as piauenses se transformaram em trilheiras digitais:

Qual é a proposta do blog?

Você poderia fazer essa pergunta para elas…Mas, genericamente, podemos dizer que é mostrar as conquistas de uma população que até poucos meses estava isolada em termos de comunicação e, mais especificamente, o trabalho e a evolução destas 22 costureiras. Quando chegamos na cidade, elas já realizavam este tipo de trabalho, mas isoladamente. Com o tempo, conseguimos mostrar que, unidas, elas teriam mais força e melhores condições de transformar aquilo que era uma pequena ajuda na geração de renda da família em um verdadeiro negócio.

Qual foi a importância do Movimento Solidário para a organização da cooperativa e inclusão digitais dessas profissionais?

Uma das ações do Movimento Solidário é justamente promover a mobilização social. Estamos lá despertando esse interesse. Então, começaram a surgir associações e cooperativas na cidade, com verdadeira representação social, como a Mãos que Fazem.

Que tipo de conhecimento foi oferecido nas oficinas?

Conhecimento básico de informática, como digitação e navegação na internet, tudo utilizando software livre. Também foram realizadas oficinas com foco na cidadania, com conteúdo voltado para economia solidária, associativismo e cooperativismo.

As questões de gênero foram levadas em consideração no desenho das oficinas?

Muito. Não fazemos oficinas específicas, todas são abertas a todos, independente de gênero, idade e escolaridade. Mas, com certeza, temos um trabalho muito forte no incentivo às mulheres para que sejam parte atuante não como coadjuvantes da mudança que Caraúbas do Piauí está vivendo, mas como protagonistas. E as mulheres do Mãos que Fazem levaram isso bem a sério. Além de terem sido um dos primeiros grupos a se associarem, estão a frente do conselho gestor do telecentro.

Por que realizar capacitações na área de tecnologia em Caraúbas do Piauí?

Caraúbas do Piauí é uma cidade com muita dificuldade de acesso a informações, por sua disposição geográfica. É uma cidade que ocupa um grande espaço territorial e muitas vezes os moradores de um bairro não ficam sabendo o que acontece em outro. Até mesmo uma rádio tem dificuldade de atingir a todos. Nosso objetivo é instalar telecentros em lugares estratégicos, para que as pessoas possam ter acesso a informações que hoje não tem. A cidade é carente de tudo, mas, principalmente de informação. E sabemos que com informação, o desenvolvimento fica facilitado.

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